sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Viver Assis: nas pegadas de Francisco e Clara de Assis

No dia 6 de Agosto de 2010, às 21h00, um grupo de peregrinos: 4 Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, 2 Frades Menores, nós os postulantes e alguns jovens franciscanos partimos numa aventura em direcção a Assis. A viagem foi longa por isso tivemos que dormir no autocarro ao longo do caminho. Graças a Deus, pelas 10h00 (hora italiana), chegámos bem-dispostos ao lugar destinado. Esta peregrinação teve com intenção saborearmos as maravilhas de Assis, com o lema «viver Assis, nas pegadas de Francisco e Clara de Assis». Assis é uma cidade medieval encantadora. É o berço da ordem franciscana, onde Francisco e Clara de Assis contemplavam as maravilhas de Deus na vida de oração e que partilharam com os seus irmãos. Mais tarde alargaram-se por todo o mundo.


Fiquei muito feliz por ter participado nesta peregrinação de jovens franciscanos portugueses rumo às origens. Na eucaristia, presidida pelo Fr. Pedro Cabral OFM, ele partilhou connosco a importância de São Francisco na história contemporânea e ao mesmo tempo, o diácono Fr. Pedro Santos OFM interpelou-nos com a pergunta «porque viemos a Assis?» No fundo, a questão que foi posta pelo Fr. Pedro Santos foi respondida com o hino ali composto pelos jufristas:

1. Palavras escritas, que voltam a ser vividas,

Marcas de um rumo certo gravadas num livre aberto

Refrão: Se esperas que o dia nasça em ti, ousa partir para viver,

rumo às origens com a palavra, em Assis eu quero ser...

2. Com Francisco e Clara ousamos sentir sinais,

Em claros gestos de amor unidos numa só cor


Dia 9 de Agosto ’10

Bom dia alegria com Deus no coração: Dia do perdão, Porciuncula.

Apesar do cansaço que tivemos ao longo da viagem e da perturbação das irmãs melga e pulga que não nos deixaram dormir, o Senhor concede-nos mais um lindo dia para nos encontrarmos com a Sua mãe, Ela que é também a nossa mãe, Nossa Senhora dos Anjos na capelinha da Porciúncula. Vamos louvá-la dizendo: “Nós te saudamos Maria, nós te saudamos Maria, nós te saudamos ó Mãe!” (cântico)


Depois de tomarmos o pequeno-almoço e feita a oração da manhã, caminhamos em direcção à Basílica ou santuário de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula. Aí houve um momento de catequese sobre a Basílica, dado pelo Fr. Pedro Santos. Foi aqui que Francisco pediu ao Papa para conceder a indulgência de perdoar todas as manchas do pecado às pessoas que entram nesta capelinha. Mais tarde, esta indulgência espalhou-se por todas as igrejas.


Em seguida, visitámos a capelinha, o museu e alguns fizeram compras na loja do santuário. É uma capelinha lindíssima, assim como o museu e todo o edifício, mas mais do que tudo é um lugar de oração. Sim, é um santuário onde um mar de gente se refugia para estar com Nossa Senhora. Ela com o seu coração maternal está sempre disposta para abraçar todos os filhos que andam dispersos, sobretudo no dia do perdão de Assis.


Tivemos a graça de celebrarmos a eucaristia numa das capelas do Santuário, a Capelinha de Santa Clara. Foi presidida pelo Fr. Paulo Brandão. Após isto, regressámos ao nosso cantinho, que é uma casa paroquial, localizada em frente á casa de postulantado das Irmãs Franciscanas de Santa Filipa Mareri, em Costano.


Dia 10 de Agosto ‘10

Bom dia alegria com Deus no coração: Ermo de São Francisco, Cárceris.

Lembramos nos de que todos nós somos peregrinos de sentido da vida e estrangeiro neste mundo. Portanto, temos de procurar o nosso caminho a seguir; o caminho que nos torna felizes para sempre, que nos conduz à eternidade. Todos os dias andamos cansaços e fatigados à procura das felicidades vãs que este mundo nos apresenta. Apesar de alguns dizerem que a felicidade se encontra na riqueza, no poder, no dinheiro etc. Não é esta a nossa meta. Mas sim, mais do que tudo, a felicidade é um estado de alma onde cada um de nós vai descobrindo na nossa vida diária. Senhor caminha connosco nesta subida à Tua casa: ermo de São Francisco, em busca da nossa felicidade que permanece para sempre.


Logo de manhãzinha, como peregrinos, cada um parte com a sua mochila às costas levando um pedaço de pão e uma garrafa de água. Subimos ao monte Cárceri ou ao ermo de São Francisco.

O percurso pedestre de 4km foi feito com o entusiasmo de seguirmos os passos do santo. Pouco importa o cansaço, o suor, a fome e a sede que tivemos.

No monte subasio visitávamos o convento. É curioso que as portas do convento têm muito presente a passagem do Evangelho: “Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no reino do céu. Repito-vos: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino do céu”. ( Mt. 19: 23-24)


Na mata, no altar de São Francisco, o Fr. Nicolás OFM fez uma partilha muito interessante sobre a vida do santo. Porque é que Francisco é muito importante? Ele realçou que Francisco teve uma relação muito íntima com o Senhor, pois, teve a ousadia de escutar e contemplar as coisas do alto. Francisco deixa a cidade de Assis para estar com o Senhor neste lugar. Depois, regressa à cidade para partilhar com os seus irmãos.

Sim, Cárceri é um lugar maravilhoso que se proporciona para estar na intimidade com o Senhor da vida, pelas árvores, as pedras, as cascatas, a voz dos pássaros, a irmãzinha melga e pulga que animam este lugar tão sagrado para Francisco. Até, o santo rezava muitas vezes: Meu Deus e meu tudo(Deus meus et omnia).

Depois da partilha, cada um e cada uma teve oportunidade para estar sozinho no silêncio, para saborear as maravilhas de Deus neste monte santo. Pelas 16h00 celebrámos a eucaristia numa capelinha na mata.


Dia 11 de Agosto ‘10

Bom dia alegria com Deus no coração: Santuário São Damião e Basílica de Santa Clara.

Neste dia tão festivo, vamos louvar o Senhor com os cânticos de júbilo com as irmãs clarissas que hoje celebram a festa de santa Clara. Como ela nos diz: “ Fixa o teu olhar no espelho da eternidade, deixa a tua alma banhar-se no esplendor da sua glória e une o teu coração Àquele que é encarnação da essência divina, para que contemplando-o, te transformes inteiramente na imagem da Sua divindade” (3 CCL). Boas festas irmãs!


A manhã deste dia foi passada no Santuário de São Damião. Tivemos a sorte de ouvirmos a partilha da Ir. Ana Peru sobre a vida de Santa Clara. Ela interpelou-nos com algumas perguntas que foram tiradas do Evangelho:

- Qual é o teu tesouro e a tua pérola?

- O que é que está disposto a vender para comprar o tesouro?

No meu ponto de vista, esta questão é baseada na nossa vida diária. A nossa sociedade está numa cultura do ter mais (dinheiro, poder, carro de marca, casar etc). Estamos a viver uma cultura hiperprodutiva e hiperactiva, e o resultado desta hiperactividade e hiperprodutividade evidencia-se no progresso de desconhecimento de nós mesmos. É a tendência humana de querer possuir tudo, até não nos deixarmos guiar pelas palavras de Deus. Estamos presos com o materialismo, o hedonismo e o secularismo.

Portanto, como diz Santo Agostinho: “a minha alma não descansará enquanto não repousar em Ti”; mas o crer do homem é bastante diferente: a minha alma não descansará enquanto não dormir em cima das riquezas materiais (poder, dinheiro, e coisas), diz o homem desta época.

Por isso, a explicação da irmã Ana Peru foi como uma luz que temos de utilizar para fazer exercício à nossa vida quotidiana.


Nós tivemos o privilégio de celebrar a santa missa numa das capelas do santuário. Em seguida, visitávamos algumas partes do convento como a capelinha de são Damião onde Francisco ouviu o chamamento de Cristo, a capelinha de Santa Clara e o dormitório da Santa, sobretudo o lugar onde a Santa morreu.

Na parte da tarde, estivemos na Basílica de Santa Clara, onde se encontra o verdadeiro Crucifixo de São Damião, o qual falou a Francisco:Vai, Francisco e constrói a minha casa que, como vês, cai em ruínas”. Na mesma hora visitávamos o túmulo da Santa e pudemos ver outros objectos que têm a concordância com a vida da Santa e do Santo. Quando regressámos a Costano, passámos pela capela de um antigo convento beneditino em Umbria, onde Santa Clara se refugiou depois de São Francisco a consagrar a Deus num gesto simples de cortar o cabelo na capelinha de Porciuncula.


Dia 12 de Agosto ‘10

Bom dia alegria com Deus no coração: Assis; seguimos as pegadas de São Francisco.

Hoje é um dia tão belo que o senhor nos dá, pedimos a graça do Senhor, para que possamos seguir as pegadas de São Francisco nesta cidade que é o berço da ordem franciscana. Como Francisco louvá-lo dizendo: "Senhor, tu és o bem, todo o bem, sumo bem, senhor Deus, vivo e verdadeiro ”


Saímos de Costano de autocarro rumo a Assis. Dividimo-nos em grupos e percorremos todos os passos de São Francisco: Rocha maior - é um lugar onde Francisco viveu a sua vida de cavalheiro e dali partiu para a batalha contra Perúsia; Praça comum - onde Francisco se despiu e entregou as vestes ao pai Bernardone e dizendo-lhe: “de hoje em diante, o meu pai não é Pedro Bernardone mas o meu pai que está no céu”; A igreja nova - foi a casa de Francisco, onde ele nasceu e ali se encontra a cela onde o pai o prendia, tal como ao lado da igreja podemos visitar o oratório do santo; Basílica de Santa Clara - onde estão guardados os restos mortais da santa e o verdadeiro crucifixo de São Damião; Igreja de São Rufino - onde nasceu Santa Clara e ali se encontra a pia baptismal, onde se diz que ambos foram baptizados.

A nossa última meta foi a Basílica de São Francisco - onde estão guardados os restos mortais do santo (cripta de São Francisco). Nem imaginamos quantas pessoas que em cada dia percorrem as pegadas do santo, sejam peregrinos ou turistas. As pessoas distinguem-se com o símbolo único de são Francisco “TAU”.


Foi uma graça ter celebrado a santa eucaristia numa das capelas da Basílica, nomeadamente a capelinha de Santa Catarina. A missa foi presidida pelo Fr. Paulo Brandão. Tivemos o privilégio de visitar algumas partes do Sacro Convento, como o claustro, a capelinha românica, e o refeitório dos frades. Nesta tarde alguns foram fazer as compras nos arredores da Basílica.

Neste dia jantámos Pizza italiana na praça da Basílica Inferior e regressámos a Costano às 23h00.


Dia 13 de Agostos ‘10

Bom dia alegria com Deus no coração: Monte Alverne; o santuário dos franciscanos

Antes de regressarmos para a nossa casa, vamos subir ao calvário dos franciscanos, onde o Senhor gravou no corpo do seráfico pai são Francisco as Suas chagas. Neste lugar sagrado, pedimos ao senhor, por intercessão do santo para que possa marcar na nossa vida de cada dia os seus sinais.


Depois de tomarmos o pequeno-almoço, fizemos limpeza à casa que nos acolheu e pelas 10h00 continuámos a nossa viagem rumo ao Monte Alverne. Chegámos lá com um dia lindo e o céu quase limpo.

Fomos visitar a gruta de São Francisco e a Capelinha dos Estigmas. De repente o céu estava fusco e caiu uma chuvada. Todos nós ficámos molhados! Alguns disseram que o cântico das criaturas ficou completo. Em Assis; as irmãs melgas e pulgas não nos deixaram dormir, o calor sufocou-nos. Graças ao Senhor, o irmão vento cobriu-nos com a sua brisa, e hoje, a irmã água limpa-nos de todo o suor que tivemos ao longo da nossa peregrinação. Alguns risos de contraditório surgiram; ainda falta uma, a irmã morte. É verdade! Mas sim, a irmã morte é um mistério que nós não sabemos. É o mistério de Deus. Portanto, nas Tuas mãos entregamos toda a nossa vida.


Demos graças a Deus por termos sido acolhidos no centro de juventude, ao lado do santuário. Ali almoçámos e houve um momento de catequese, no qual e como uma lembrança da peregrinação, cada um recebeu o novo testamento, recordando o gesto que foi feito por Francisco ao abrir três vezes a Sagrada Escritura e que de seguida entregou aos irmãos Masseu, Leão e Ângelo.

A eucaristia foi celebrada na capelinha de Santa Clara. Não houve homilia, mas o celebrante pediu a cada um e cada uma para fazer uma pequena avaliação sobre a peregrinação. Foi curioso que todos nós ficámos satisfeitos e manifestámos a nossa gratidão aos assistentes.

Foram impecáveis, desde a cozinha até ao altar da eucaristia. Portanto, os assistentes merecem o nosso aplauso e parabéns!


Às 22h00, saímos do Monte Alverne em direcção a Portugal. Fizemos a mesma viagem como na ida e graças a Deus, chegámos a Leiria com entusiasmo. Para que não esqueçamos esta experiência, que foi tão maravilhosa, os assistentes ofereceram-nos um TAU em forma de coração com a imagem da capelinha de Porciúncula, como símbolo do que sempre vamos recordar no nosso coração.

Sim, todos nós experimentámos e seguimos passo a passo as pegadas de São Francisco e Santa Clara de Assis. O povo diz: "a experiência é um bom mestre". Portanto, vamos viver na nossa vida diária o que sentimos e experimentámos em Assis, porque a experiência que tivemos não foi uma experiência de turistas, mas sim, uma aventura de vida em busca da nossa felicidade.


Como o hino que cantámos: «em Assis eu quero ser», poderíamos dizer que não só em Assis, mas que na nossa vida quotidiana queremos ser. Com o exemplo de São Francisco que cria uma relação íntima com Deus e toda a criatura, também nós queremos ser uma florinha (semente) de Francisco, para anunciar o Evangelho de Cristo no carisma franciscano e levar a mensagem de Francisco a toda agente: irmão, o Senhor te dê a Paz!


PAX ET BONUM


 
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